Abstract
Segundo Edward L. Pothier, o número 666 de Apocalipse 13: 18 é o mais famoso ou infame número de toda a Bíblia.1 Talvez seja por isso que tanto se tem falado a seu respeito: o número da besta tem sido o tema de inúmeros filmes e livros.2 Sua representação parece. ao homem moderno, mística e misteriosa, pois o número sempre aparece popularmente associado ao mal e ao perigo. Esse texto de Apocalipse reza: "Aqui está a sabedoria. Aquele que tem entendimento calcule o número da besta, pois é número de homem. Ora, esse número é seiscentos e sessenta e seis." Até mesmo alguns fanáticos estudantes modernos do Apocalipse se vêem alarmados com o número 666 e se preocupam com os grandes sistemas numéricos da informática. Se a besta se apoderasse de tais sistemas talvez usasse um sistema hexadecimal (isto é, com base 16) em vez do tradicional sistema decimal (isto é, com base dez). No sistema hexadecimal, como empregado atualmente, usam-se 16 símbolos numéricos - zero a nove e mais seis símbolos adicionais: A=l 0. B=l l. C=l 2, 0=13. E=14, F=l5. Na notação hexadecimal, em vez de se usarem unidades. dezenas e centenas, usam-se múltiplos de 1. 16 e 256. Dessa forma. 666 equivaleria, em números hexadecimais, a 29A, uma vez que teríamos a fórmula 666 = 2x256 + 9x 16 + 1Ox1. Uma vez demonstrado o interesse generalizado pelo número 666, acrescente-se a isso que interpretações diversas têm sido providas em referência a esse mistério do Apocalipse. A Igreja Adventista do Sétimo Dia, por exemplo, o tem interpretado tradicionalmente como uma referência a uma suposta inscrição na mitra papal: Vicari1·s Filii Dei.1 A expressão latina significa "Vigário [ou Substituto] elo Filho ele Deus" e proveria a base para o cálculo do número, pois a soma, em algarismos romanos, de suas letras daria exatamente o total de 666. A pergunta que se pretende responder neste artigo é "até que ponto há evidência hermenêutica, exegética e histórica que sustente essa interpretação?"