Resumo
A Septuaginta foi a primeira tradução completa das Escrituras Hebraicas. Ela foi a Bíblia usada pelos apóstolos para a pregação da Palavra de Deus ao mundo romano, profundamente influenciado pela língua e pela cultura grega. Apesar de importantíssima para a compreensão do contexto do Novo Testamento e para a compreensão de como os primeiros cristãos viam o Antigo Testamento, os estudos da Septuaginta têm, infelizmente, ocupado um papel secundário na erudição bíblica. É o propósito deste artigo chamar a atenção para a valiosa contribuição que os estudos septuagínticos podem dar à teologia. Para isso, o que se propõe é demonstrar que a Septuaginta (doravante, LXX) desempenhou papel de relevância no surgimento do Cristianismo. Isso será mostrado através da confirmação de alguns aspectos pertinentes ao mundo cristão primitivo: a) que os judeus estavam, naquela época, já com um elevado grau de helenização; b) que a LXX se originou para atender as necessidades de uma comunidade helênico-judaica (na cidade de Alexandria) de importância capital nos séculos que antecederam à proclamação do evangelho; e) que o desenvolvimento histórico do Texto Septuagíntico (doravante, TS) é tão ou mais confiável do que o do Texto Massorético (doravante, TM); d) que a língua grega (na qual foi escrita a LXX) era a língua franca do mundo cristão primitivo; e) que a LXX serviu de base para muitas das mais antigas traduções da Bíblia; t) que a LXX foi a Bíblia com a qual se refutaram as primeiras heresias que penetraram no seio da Igreja Cristã; g) e, finalmente, que a LXX foi o texto do Antigo Testamento empregado pelos próprios autores inspirados do Novo Testamento.