CUIDADOS PALIATIVOS, FINITUDE E LUTO: UMA REVISÃO DA LITERATURA
DOI:
https://doi.org/10.25194/rf.v20iSuplementar.1972Palavras-chave:
Cuidados paliativos, Morte, LutoResumo
Os cuidados paliativos (CP) são uma abordagem voltada a pacientes e familiares que enfrentam doenças graves e/ou incuráveis, e que se encontram em condições ameaçadoras da vida. Trata-se de uma área em expansão no Brasil, e com íntima aproximação aos temas relacionados à finitude da vida e ao luto. Embora nos cuidados paliativos a morte seja compreendida como um evento natural, e, portanto, parte da existência humana, acredita-se que sempre há algo a ser feito para que ela possa ocorrer com menos dor e sofrimento (1).
Diversamente das concepções ainda presentes no imaginário social, os CP devem ser ofertados de forma precoce, desde o diagnóstico, devendo se prolongar após a morte. Tal objetivo demanda a atuação de equipes integradas e com formação em cuidados paliativos, de tal modo que as decisões possam ser compartilhadas, inclusive com pacientes e familiares, considerados como unidade de cuidado (2).
Diferentemente de outras abordagens terapêuticas que não validam as expressões de luto como parte do cuidado integral, os CP acolhem o luto e a finitude como parte do processo de cuidado. Nesse cenário, várias intervenções podem ser realizadas, de modo a favorecer a escuta e a validação das emoções. Além disso, existe uma diversidade de terapias que podem ser utilizadas de forma complementar ao tratamento, ajudando pacientes e familiares no enfrentamento das perdas e desafios inerentes ao adoecer (1,2).
No adoecimento, é frequente que os pacientes vivenciem várias perdas, em razão da progressão do quadro clínico, do tratamento, ou do iminente confronto com a morte. O paciente em cuidados paliativos, bem como seus familiares, também passa com frequência por vivências emocionais intensas e estressantes, devido ao ao sofrimento resultante da doença e à proximidade da morte, e isso pode levar ao luto antecipatório – situação em que o os sentimentos relacionados à perda são vividos antes que ela aconteça (3).
Compreender as reações emocionais exige conhecimentos e habilidades por parte da equipe, de tal forma que paciente e família se sintam acolhidos em suas necessidades. Ademais, após a morte do paciente, é muito importante que a família continue sendo assistida, entendendo que seu bem-estar também é uma prioridade para a equipe, o que justifica a importância dessa temática na abordagem paliativista (2)
O estudo das diferentes culturas ajuda a entender as vivências de luto, oferecendo importantes perspectivas de intervenção. As representações acerca do que seja “boa” ou “má” morte costumam ser expressões de valores e concepções construídas historicamente, e isso deve ser compreendido pelos integrantes da equipe (1). Ademais, existem questões éticas envolvidas, visto que, diante do grande arsenal tecnológico para salvar vidas, é necessário que haja dignidade no viver e no morrer.
O fortalecimento dos CP no Brasil ainda é uma conquista a ser alcançada, haja vista que ainda existem poucos serviços e equipes capacitadas para ofertar essa abordagem. Trata-se de um tema a ser debatido pela sociedade, de modo que a finitude e o luto possam ser compreendidos como parte do viver.