Aspectos Clínicos de Pacientes Submetidos a Ventilação Mecânica por Período Superior a Vinte e Quatro Horas
DOI:
https://doi.org/10.25194/rebrasf.v3i1.662Palavras-chave:
unidade de cuidados intensivos, epidemiologia, ventilação mecânica invasiva, intensive care unit, epidemiology, invasive mechanical ventilationResumo
A unidade de terapia intensiva (UTI) é um ambiente com diversos recursos tecnológicos e equipe que desempenha um papel decisivo no cuidado de pacientes críticos. Os preditores de evolução e mortalidade são conhecidos, como o fato de que pressões inspiratórias elevadas podem causar distensão excessiva ou estiramento do pulmão, e que o tempo prolongado de permanência na UTI pode aumentar o risco de infecção e de complicações. Objetivos: Descrever e analisar aspectos epidemiológicos e clínicos de pacientes submetidos a ventilação mecânica em uma UTI de um hospital universitário. Casuística e Métodos: Trata-se de um estudo retrospectivo com dados secundários, por meio de levantamento de dados nos prontuários de pacientes submetidos a ventilação mecânica invasiva por período superior a vinte e quatro horas (24h). Foram analisados 84 prontuários de pacientes internados na UTI entre agosto de 2010 e novembro de 2011. Resultados: Quanto ao gênero, 57,1% dos pacientes era do sexo masculino e 42,9% do sexo feminino. 38,1% dos pacientes recebeu alta da UTI e 61,9% evoluiu com óbito. Houve maior prevalência (72,3%) de óbito no grupo feminino. A idade média dos pacientes foi 56,5 anos. O tempo de ventilação mecânica foi de 7,5 dias. O modo pressórico utilizado foi predominantemente o modo ventilação com pressão controlada (PCV). Conclusões: Os pacientes incluídos no estudo eram predominantemente adultos do sexo masculino, que permaneceram por período curto internados na UTI. Verificou-se alto índice de óbito entre as pacientes do sexo feminino. Os problemas respiratórios e hematológicos foram as causas mais frequentes de internação. Os pacientes que evoluíram a óbito foram mantidos com parâmetros do ventilador mais elevados, o que pode sugerir maior gravidade desses pacientes.
Abstract: Introduction: The intensive care unit (ICU) is an environment with many technological resources and a staff that plays a decisive role in the care of critically ill patients. Predictors of mortality and evolution are known, such as the fact that the use of high inspiratory pressures can cause distension or stretching of the lung and that prolonged ICU stay can increase the risk of infection and complications. Objective: To describe and analyze epidemiological and clinical aspects of patients undergoing mechanical ventilation in the ICU of a university hospital. Methods: This is a retrospective study analyzing secondary data from medical records of patients undergoing mechanical ventilation for longer than the twenty four hours (24h). We analyzed medical records of 84 patients admitted between August 2010 and November 2011. Results: Regarding gender, 57.1% of patients were male and 42.9% female. 38.1% of patients were discharged from the ICU and 61.9% of patients died. There was a higher prevalence (72.3%) of death in the female group. The mean age of patients was 56.5 years. The duration of mechanical ventilation was 7.5 days. The pressure used in the mode of admission was predominantly mode pressure-controlled ventilation (PCV). Conclusion: Patients included in the study were predominantly adult males and remained for a short period in the ICU. We observed a death rate with significant prevalence among female patients. Respiratory and hematological diseases were the most frequent causes of hospitalization. Ventilatory parameters used were higher in the group that evolved to death, which may suggest greater severity of these patients.
Referências
Pereira Júnior GA, Coletto FA, Martins MA, Marson F, Pagnano CL, Dalri MCB, Basile-Filho A. O papel da unidade de terapia intensiva no manejo do trauma. Medicina 1999; 32: 419-437.
Vieira MS. Perfil geográfico e clínico de pacientes admitidos na UTI através da Central de Regulação de internações hospitalares. Com. Ciências Saúde. 2011; 22(3): 201-210.
Verde RMCL, Alencar MHN, Soares LF, Oliveira EH. Perfil Epidemiológico de Pacientes Internados em Unidade de Terapia Intensiva em Hospital de Doenças Infecciosas e Parasitárias no estado do Piauí. Revista de APS [periódico na internet]. 2009 [acesso em 26 jul 2012]; VOL(N): PP-PP. Disponível em: www.seer.ufjf.br/files/journals/1/articles/.../1797-8735-1-ED.doc
Rotman V. Avaliação de estratégia ventilatória sequencial em pacientes com lesão pulmonar
aguda (LPA) / síndrome do desconforto respiratório agudo (SDRA). São Paulo. Tese [Doutorado] - Universidade de São Paulo; 2008.
Nardelli LM, Garcia CSNB, Pássaro CP, Rocco PRM. Entendendo os Mecanismos Determinantes da Lesão Pulmonar Induzida pela Ventilação Mecânica. Rev Bras Ter Intens. 2007; 19(4): 469-474.
Hersch M, Izbicki G, Dahan D, Breuer GS, Nesher G, Einav S. Predictors of mortality of
mechanically ventilated patients. Journal of Critical Care. 2012; 27(6):694-701.
Tang WM, Tong CK, Yu WC, Tong KL, Buckley TA. Outcome of adult critically ill patients
mechanically ventilated on general medical wards. Hong Kong Med J 2012; 18: 284-90.
Abelha FJ, Castro MA, Landeiro NM, Neves AM, Santos CC. Mortalidade e tempo de internação em uma unidade de terapia intensiva. Rev Bras de Anestesiol. 2006; 56(1): 34-45.
Brower RG, Matthay MA, Morris A, Schoenfeld D, Thompson BT, Wheeler A. Ventilation with lower tidal volumes as compared with traditional tidal volumes for acute lung injury and the acute respiratory distress syndrome. The new England Journal of Medicine 2000; 342(18): 1301-1308.
Tusman G, Bohm SH, Suarez-Sipmann F, Scandurra A, Hedenstierna G. Lung recruitment and positive end-expiratory pressure have different effects on CO2 elimination in healthy and sick lungs. Anesthesia 2010; 111(4): 968-977.
Arabi Y, Venkatesh S, Haddad S, Shimemeri AA, Malik SA. A prospective study of prolonged stay in the intensive care unit: predictors and impact on resource utilization. Internation. Journal for Quality in Health Care 2002; 14(5): 403-410.
Junior JALS, David CM, Hatum R, et. al. Sepse Brasil: estudo epidemiológico da sepse em Unidades de Terapia Intensiva brasileiras. RBTI 2006; 18(1): 1-17.
Arabi YM, Alhashemi JA, Tamin HM, et.al. The impact of time to tracheostomy on mechanical ventilation duration, legnth of stay, and mortality in intensive care unit patients. Journal of Critical Care 2009; 24: 435-440.
Nogueira LS, Sousa RMC, Padilha KG, Koike KM. Características clínicas e gravidade de pacientes internados em UTIs públicas e privadas. Texto Contexto Enferm. 2012; 21(1): 59-67.
Koury JCA, Lacerda HR, Neto AJB. Características da população com sepse em unidade de terapia intensiva de hospital terciário e privado da cidade do Recife. RBTI 2006; 18(1): 52-58.
Lima ME, Andrade D, Haas VJ. Avaliação prospectiva da ocorrência de infecção em pacientes críticos de unidade de terapia intensiva. RBTI 2007; 19(3): 342-347.
Damasceno MPCD, David CMM, Souza PCSP, Chiavone PA, Cardoso LTQ, Amaral JLG et al. Ventilação mecânica no Brasil. Aspectos epidemiológicos. RBTI 2006; 18(3): 219-228.
Oliveira RP, Hetzel MP, Silva MA, Dallegrave D, Friedman G. Mechanical ventilation with high tidal volume induces inflammation in patients without lung disease. Critical Care 2010; 14: 1-9.
Zeni M. Índice APACHE II e avaliação subjetiva seriados para a avaliação prognóstica dos pacientes internados na UTI – HU/UFSC. Florianópolis. Monografia [Graduação em Medicina] - Universidade Federal de Santa Catarina; 2006.
Raffin TA. Intensive care unit survival of patients with systemic illness. Am Rev Respir Dis. 1989; 140: 28-35.
Van Den Noortgate N, Vogelaers D, Afschrift M, Colardyn F. Intensive care for very elderly patients: outcome and risk factors for in-hospital mortality. Age Ageing. 1999; 28: 253-256.
Burigo FL. Análise do perfil epidemiológico dos pacientes na unidade de terapia intensiva em ventilação mecânica de um hospital universitário de Curitiba. Ciência e Cultura 2002; 36: 11-22.
Stewart TE, Meade MO, Cook DJ, Granton JT, Hodder RV, Lapinsky SE et al. Evaluation of a ventilation strategy to prevent barotrauma in patients at high risk for acute respiratory distress syndrome. The New England of Medicine 1998; 338(6): 355-361.
Sudarsanam TD, Jeyaseelan L, Thomas K, John G. Predictors of mortality in mechanically ventilated patients. Postgrad Med J 2005; 81: 780–783.
Amato MBP, Barbas CSV, Medeiros DM, Magaldi RB, Schettino GPP, Lorenzi-Filho G. Effect of a protective-ventilation strategy on mortality in the acute respiratory distress syndrome. The New Journal of Medicine 1998; 338(6): 347-354.
Neves JT, Lobão MJ. Estudo multicêntrico de oxigenoterapia – uma auditoria nacional aos procedimentos de oxigenoterapia em enfermarias de medicina interna. Portuguese Journal of
Pulmonology 2012; 18(2): 80-5.
Nogueira LS, Santos MR, Mataloun SE, Moock M. Nursing Activities Score: comparação com o índice APACHE II e a mortalidade em pacientes admitidos em unidade de terapia intensiva. Rev. Bras. de Terapia Intensiva 2007; 19(3): 327-30.
Modrykamien A, Chatburn RL, Ashton RW. Airway pressure release ventilation: An alternative mode of mechanical ventilation in acute respiratory distress syndrome. Cleveland Clinic Journal of Medicine 2011; 78(2): 101-110.
Nardelli LM, Garcia CSNB, Pássaro CP, Rocco PRM. Entendendo os Mecanismos Determinantes da Lesão Pulmonar Induzida pela Ventilação Mecânica. Rev Bras Ter Intens. 2007: 19(4): 469-474.
Feijó CAR, Bezerra LSAM, Junior AAP, Menezes FA. Rev Bras Ter Intens. 2006; 18(3): 263-267.
Pereira DM, Silva LS, Silva BAK, Aydos RD, Carvalho PTC, Odashiro AM et al. Efeitos da alta concentração de oxigênio (hiperóxia) por tempo prolongado no tecido pulmonar de ratos Wistar. Revista Biociências 2008; 14(2): 110-116.
British Thoracic Society; Emergency oxygen guideline group. Guideline for emergency oxygen use in adult patients. London (England): 2008; 63(6).